Book Review – Tempo, Talento & Energia

Gerenciamos os recursos financeiros das empresas com um cuidado cirúrgico. Temos métricas, sistemas de recompensas e penalidades, fóruns de discussão, enfim, todo o tipo de mecanismo para não perdermos o controle de 1 centavo sequer.

Essa “neurose” é mais do que justificada, mas fazia ainda mais sentido em outras épocas, quando os recursos financeiros eram de fato a restrição da maioria das empresas. Hoje, principalmente em países desenvolvidos e que operam em ambientes macroeconômicos “sensatos” (leia-se com taxas de juros decentes e sistema tributário que não desafie a sanidade mental das pessoas), a restrição não está mais nos recursos financeiros, mas nos recursos humanos.

Isso é absurdamente obvio e batido. Será? Pode ser em um nível intelectual, mas na pratica, as empresas não demonstram os mesmos cuidados com o capital humano. Não está se falando de desenvolvimento da liderança, team building, abraçar árvore, nada disso, apesar da importância reconhecida destas práticas. A questão é, temos o mesmo cuidado com o tempo dos profissionais, que temos com o estudo de viabilidade de um novo projeto? Gerenciamos nossos talentos com a mesma diligência que nossos investimentos? Criamos um ambiente e uma cultura com clareza e foco suficientes para garantir o máximo de energia das pessoas?

Com esses argumentos em mãos, dois sócios seniores da Bain & Company, investigaram melhor o assunto e propuseram ações práticas para que possamos gerenciar nossos recursos humanos com o mesmo cuidado e pragmatismo que fazemos com o capital financeiro. Tempo, Talento & Energia, o título do livro que traz a proposta dos dois, denuncia a estrutura do texto.

Na sessão Tempo, exploram um fato que todos sabem e reclamam, mas poucos tomam ações concretas. Deixamos que reuniões inúteis e ações não focadas destruam o tempo dos nossos melhores profissionais (e dos não tão bons assim também). E parece que não sabemos bem como resolver isso. Bom, eles dão a dica.

Quando falam de Talento, focam em como exploramos as estrelas da organização, e algumas mudanças radicais em como devemos faze-lo. Por exemplo, temos o costume de colocar um misto de gente muito boa, com gente não tão boa assim para resolver os problemas críticos da organização. Ou, em alguns casos mais graves, deixamos os melhores apagando incêndios e colocamos quem está disponível para garantir o futuro da empresa. Os autores argumentam que devemos fazer exatamente o contrário, colocar um time de all starsnaquilo que realmente importa, mesmo que isso signifique gerenciar uma equipe difícil.

Por fim, quando falam de Energia, estão falando de propósito, e como construí-lo de verdade. Essa sessão é a que mais direciona para a situação atual da maioria das empresas, onde os Millenials já estão assumindo o comando. Essa turma trabalha com missão, com proposito, e não apenas para ter um emprego, ou para subir na hierarquia. Esta sessão para mim teve poder duplo justamente por isso. Como aproveitar ao máximo a energia dos talentos da empresa, mas também como preparar o ambiente para a nova geração que está chegando.

No balanço, é um livro de certa maneira simples (li em dois dias) e que não traz nenhuma grande novidade, mas arranja as coisas que já sabemos sob uma ótica prática, de resultados e que coloca a gestão de talentos no lugar que deveria estar há um bom tempo, acima de tudo.

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