Pague a você mesmo antes de pagar aos outros

Há alguns anos, nos períodos de maior estabilidade econômica do país, os gurus de investimentos pessoais estavam na moda. Os livros sobre o tema infestavam as livrarias, estavam nas listas dos mais vendidos e provocavam muitas conversas boas. Seus autores tinham colunas em jornais, rádios, sites de notícias, eram quase pop stars. Pela primeira vez o brasileiro comum estava entendendo melhor o mercado financeiro, diversificando investimentos, comprando ações e aprendendo a analisa-las. Amadurecemos como investidores, em um ambiente que permitia isso.

Mesmo antes da crise que se instalou por aqui, as publicações do gênero foram perdendo força, não era mais o assunto do momento. Com a crise, não sobrou muito para investir, e o assunto amornou de vez, em linha com a economia.

Foi uma onda das boas, mas ainda assim uma onda. E como toda onda, passou, mas deixou o nível do mar um pouco mais alto. Eu por exemplo aprendi muito com esses caras, e algumas lições valiosas guardo e pratico até hoje e para sempre. A que eu mais gosto “pague a você mesmo antes de pagar aos outros”. Uma dica que parece simples, e é na teoria, mas requer uma disciplina ferrenha. Se a conta não fecha, me pago primeiro e fico devendo para os outros? Sim, isso vai te forçar a encontrar maneiras de ganhar mais, ou melhor ainda, gastar menos. De qualquer maneira, o que está por trás dessa dica é, sacrifique um pouquinho do presente em nome do futuro. Já escrevi sobre isso antes, mas sacrificar o presente pelo futuro não é exatamente algo que façamos com facilidade aqui no nosso país.

E não é que no final das contas esse conceito não se aplica apenas a investimentos financeiros!

Falando sobre gestão do tempo, uma das maiores armadilhas é nos enfiarmos nos incêndios do dia-a-dia e esquecermos de reservar tempo para construir o futuro. Pouco sobra para estudos, leituras, construção de relacionamentos, projetos de longo prazo e assim por diante. E o problema é exatamente este, esperamos sobrar tempo para fazer essas coisas. Em outras palavras, pagamos os outros antes.

Há muitos anos, desde que comecei a me aprofundar no tema de gestão do tempo, adoto a prática de planejar o longo prazo em um retiro de dois ou três dias no final do ano. Isso é bacana, mas tem pouco efeito se você não olhar o plano o tempo todo, e se não reservar tempo na tua agenda para colocá-lo em prática. Assim, todo Domingo à noite (ou segunda bem cedo dependendo da semana) tiro uns minutos para olhar o plano e bloquear pedaços da agenda para ele. O que estou fazendo é me pagar antes de pagar os outros. Reservando tempo para as minhas coisas, para o meu plano de futuro, antes que ocupem (ou, como é mais frequente, que eu mesmo ocupe) com emergências, distrações, ou qualquer coisa que vai me deixar ocupado e ao mesmo tempo pouco produtivo.

Se tempo é dinheiro como dizem, faz muito sentido que essa teoria se aplique aos dois. Para mim tempo é bem mais que dinheiro, é vida. E essa, mais do que dinheiro, não dá para investir no lugar errado.

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